Como o Transtorno do Espectro Autista se manifesta em meninas?

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Como o Transtorno do Espectro Autista se manifesta em meninas?

Embora os critérios diagnósticos atualmente sejam os mesmos, existem algumas particularidades nas meninas que merecem ser conhecidas.

Diversas linhas de estudo buscam explicar essas diferenças. Uma delas sugere que as meninas têm sintomas mais discretos, que podem passar despercebidos, diferente dos meninos, que costumam apresentar sintomas mais chamativos (como agitação intensa). 

Assim, as meninas que são mais facilmente diagnosticadas são aquelas que tem um quadro comportamental mais grave, enquanto que as demais podem não ter seus sintomas reconhecidos, ou ter seu diagnóstico confundido com outra condição, como depressão e ansiedade. Algumas só recebem o diagnóstico de TEA ao serem reavaliadas na vida adulta.

Tem sido observado que meninas autistas apresentam melhor socialização e uso da linguagem não-verbal (comunicação por gestos). Elas também costumam ter menos comportamentos externalizantes (ex: agitação, hiperatividade) e mais comportamentos internalizantes (ex: ansiedade, depressão, transtorno alimentar), o que podem mascarar diagnóstico.

Meninas autistas possuem ainda uma maior capacidade de “camuflagem”, ou seja, de aprender comportamentos sociais neurotípicos e reproduzi-los. Por exemplo, mimetizar o  jeito de falar e a linguagem corporal de outras pessoas e de personagens fictícios. Embora isso possa facilitar, em um primeiro momento, a adaptação a novas situações sociais, também pode trazer grande sofrimento e sensação de exaustão.

Alguns outros sinais sutis podem estar presentes, como serem crianças tímidas e “bem comportadas” na escola, “alunas-modelo”, mas que podem “explodir” quando chegam em casa, com irritabilidade e agitação; dificuldade em se encaixar em grupos sociais; e apego excessivo a um único amigo, cuja amizade não tolera compartilhar com outros.

O TEA em meninas pode estar associado a outras condições, como ansiedade, depressão e transtornos alimentares. Estas crianças também encontram-se em risco de bullying na escola e de sofrerem relacionamentos abusivos na vida adulta.

Dessa forma, o diagnóstico é importante para que se possa entender a origem das dificuldades encontradas, e como lidar com elas sem que isso comprometa a individualidade da pessoa ou traga um novo sofrimento. Além disso, permite a troca de experiências com outras pessoas com o mesmo diagnóstico e o fortalecimento da rede de suporte.

Dra. Melina Frota – Neuropediatra
CRM 194310 – RQE 903431

  • Fonte: Bargiela, Sarah et al. “The Experiences of Late-diagnosed Women with Autism Spectrum Conditions: An Investigation of the Female Autism Phenotype.” Journal of autism and developmental disorders vol. 46,10 (2016): 3281-94. doi:10.1007/s10803-016-2872-8

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