Dor de Cabeça

Dor de Cabeça

Cerca de 60% das crianças e adolescentes em todo mundo apresentam dor de cabeça (também chamada de cefaleia).

Apesar de muito comum, a dor de cabeça pode trazer uma série de impactos na qualidade de vida da criança, incluindo faltas escolares e prejuízo no aprendizado.

Como as crianças manifestam a dor de cabeça?

Existem vários tipos de dor de cabeça que podem afetar crianças e adolescentes. Os principais são a migrânea (popularmente conhecida como enxaqueca) e a cefaleia tensional

Migrânea (Enxaqueca)

 

  • Localização bilateral ou unilateral
  • Início gradual
  • Duração de 2 a 72 horas
  • Dor é pulsátil
  • Intensidade moderada a forte
  • Piora com atividade física 
  • Criança prefere ficar quieta, em lugar escuro e sem barulho
  • Pode ser acompanhada de náuseas e vômitos
  • Pode ter aura associada
  • É comum crianças com enxaqueca terem familiares também com enxaqueca

O que é aura?

A aura é um sintoma neurológico transitório que pode ocorrer antes ou durante a enxaqueca. Ela pode ser de diversos tipos:

  • Visual: Exemplo – Ver luzes piscando, pontos brilhantes ou perder parte da visão
  • Sensorial: Exemplo – Dormência ou formigamento em partes do corpo
  • Linguagem: Exemplo – Dificuldades na fala
  • Motora: Exemplo – Dificuldade em mover uma parte do corpo
  • Tronco cerebral: Exemplo – Tontura, “zumbido” no ouvido, falta de coordenação motora
  • Retiniana: Exemplo –  Perda da visão em um dos olhos

Quais sintomas precedem a enxaqueca?

A exaqueca pode ser precedida por alguns sintomas, que podem se iniciar horas ou dias antes da dor. Esse conjunto de sintomas é chamado de Pródromo.

Alguns exemplos:

  • Fadiga
  • Irritabilidade e mudança do comportamento
  • Palidez
  • Aumento ou redução do apetite
  • Incômodo com a luz
  • Náuseas

Cefaleia Tensional

  • Localização bilateral
  • Duração de 30 minutos a 7 dias
  • Dor é em aperto ou pressão
  • Intensidade leve a moderada
  • Não piora com atividade física
  • Criança geralemente permanece ativa
  • Luz e barulho não incomodam
  • Sem náuseas ou vômitos associados

Sinais de alerta

Existem alguns sinais de que a dor de cabeça pode representar algo mais sério e que precisa ser investigado.

Na presença de um desses sintomas, é necessário buscar uma avaliação médica o quanto antes.

1) Presença de outros sintomas neurológicos. Por exemplo: Alteração na marcha (dificuldade para andar), ataxia (desequilíbrio para andar ou pegar objetos), alteração no exame de fundo de olho, mudanças no comportamento e na cognição, alterações visuais ou no movimento dos olhos, crises convulsivas.

2) Início súbito: Não é uma dor que começa mais fraca e vai aumentando progressivamente  sua intensidade, mas sim uma dor que já começa extremamente forte, em seu pico, como um “trovão”.

3) Início durante o sono: Dor que inicia durante o sono e faz a criança despertar por conta dela. Eventualmente, uma dor que também inicia no começo da manhã também chama a atenção.

4) Piora com alguma posição. Exemplo: Piora quando a criança fica deitada ou piora imediatamente quando ela se levanta.

5) Piora com esforços. Exemplo: Piora quando a criança tosse ou faz força para evacuar.

6) Ausência de familiares com história de dor de cabeça: A presença de outros familiares com os mesmos sintomas sinaliza uma condição de menor complexidade, como uma enxaqueca, por exemplo.

7) Uma dor de cabeça nova ou que está piorando cada vez mais. Por exemplo: Surgimento de dor de cabeça em uma criança que nunca apresentou antes; uma criança que já apresentava dor de cabeça, mas que teve uma mudança nas características da dor; ou uma criança que tem apresentado dor de cabeça cada vez mais intensa.

8) Idade muito jovem: Dor em criança com menos de 5-7 anos de idade.

9) Outras condições associadas, como febre, rigidez de nuca, traumatismo craniano ou perda de peso, por exemplo.

10) Dor de cabeça em uma criança com doença crônica, como câncer, doenças hematológicas, vasculares, reumatológicas ou imunológicas, entre outras.

Como evitar a dor de cabeça?

A principal medida na prevenção da dor de cabeça na infância é a mudança de hábitos de vida, evitando os gatilhos, ou seja as situações que desencadeiam a dor.

Existem alguns gatilhos que são bastante comuns, como dormir pouco ou em excesso, certos alimentos, jejum/pular refeições, menstruação e estresse. No entanto, cada criança tem seus desencadeantes específicos para dor.

Para identificá-los, é importante manter um diário, descrevendo os dias em que ocorreu a dor e quais foram as suas características e fatores associados. Com base nessas informações, é possível montar um plano terapêutico para o tratamento e prevenção da dor.

Algumas informações importantes para descrever no diário são: 

  • Dia e hora da dor
  • O que faz piorar e melhorar a dor
  • Duração da dor
  • Se houve enjoo ou vômito associados
  • Se teve sintomas de aura (exemplo: ver luzes piscando)
  • Se sons, cheiros ou luz incomodam
  • Se dor piora com alguma posição
  • Uso de remédio para dor
  • Se houve algum estresse emocional associado
  • Se dormiu adequadamente na noite prévia
  • Quais alimentos foram consumidos na data da dor

Além disso, algumas dicas simples que podem ajudar a evitar a dor são:

  • Dormir em horários regulares e com duração adequada
  • Praticar exercícios físicos regularmente
  • Evitar pular refeições ou passar muito tempo em jejum
  • Hidratar-se regularmente
  • Manejar o estresse: Para isso a psicoterapia pode auxiliar

Para prevenir a ocorrência da dor de cabeça, também podem ser utilizadas medicações de uso contínuo. Essa decisão é feita conforme as necessidades de cada paciente. No entanto, a mudança de hábitos de vida sempre deve estar presente.

Um bom controle da dor na infância resulta em um melhor controle também na vida adulta.

Espero que essas informações tenham sido úteis pra você!

Dra. Melina Frota – Neuropediatra
CRM 194310 – RQE 903431

Fontes: 

Headache Classification Committee of the International Headache Society (IHS) The International Classification of Headache Disorders, 3rd edition. Cephalalgia. 2018 Jan;38(1):1-211. doi: 10.1177/0333102417738202. PMID: 29368949.

Szperka C. Headache in Children and Adolescents. Continuum (Minneap Minn). 2021;27(3):703-731. doi:10.1212/CON.0000000000000993

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